Trata-se de uma linha de crédito que será financiada pelo Banco do Brasil e a Argentina teria que dar um ativo como garantia.
Tira pressão das reservas, mas teme-se o aumento do déficit comercial com o país vizinho.
O ministro da Economia, Sergio Massa, e seu homólogo brasileiro, Fernando Haddad, anunciaram na segunda-feira um acordo para adiantar uma linha de financiamento de importação de 366 dias. O mecanismo visa adiar o uso de moeda estrangeira e assim facilitar as operações entre empresas dos dois países, hoje complicadas pela dificuldade de acesso ao dólar devido às restrições para administrar a escassez de reservas.
O governo busca descomprimir um cenário marcado por pressão sobre o dólar paralelo e uma seca que pode reduzir a oferta de divisas da agricultura este ano em US$ 10 bilhões em ano eleitoral. A falta de divisas levou a um aperto nas restrições comerciais e a dívida acumulada do Banco Central com os importadores teria chegado a US$ 9 bilhões em novembro, segundo dados do BCRA.
O temor é que o déficit comercial com o país vizinho e parceiro aumente. O acumulado em 2022 com o Brasil foi de US$ 3,365 milhões, segundo o INDEC.
Neste âmbito, é negociado um crédito comercial através do Banco do Brasil e do Banco Nación , com garantias cruzadas. O objetivo é que uma empresa local não precise esperar 180 dias para ter acesso a moeda estrangeira para pagar o fornecedor no Brasil, mas sim solicitar uma carta de crédito da Nação e com esse documento o fornecedor poderá fazer um empréstimo no Banco do Brasil em reais pelo equivalente da operação em dólares.
“O Banco do Brasil assume compromisso com empresas brasileiras e o Banco Nación assume compromisso com empresas argentinas. Ao aumentar a linha de crédito do Banco do Brasil para 366 dias, a obrigação de pagamento em moeda estrangeira tem prazo de um ano e um dia, ou seja o impacto positivo das reservas do Banco Central, porque a operação de pagamento é automática pelo Banco Nación e o financiamento em reais é feito pelo Banco do Brasil para empresas brasileiras”, explicou Massa.
Segundo o ministro, trata-se de uma “extensão” de uma linha de crédito já existente que beneficia empresas brasileiras que acessariam automaticamente o sistema de exportação para a Argentina e empresas argentinas que não tenham a dificuldade do regime de financiamento exigido pelo regime SIRA.
“É um ganha-ganha para empresas e bancos e também adicionalmente para o Banco Central que alivia o pagamento no curto prazo dessas importações do Brasil”, disse o executivo.
O próximo passo será a viagem ao Brasil da equipe do Ministério da Economia e uma delegação do Banco Nación. Massa aposta para definir nessa reunião o mecanismo financeiro com os esquemas de garantia. Justamente, Haddad destacou que o “primeiro passo” será a constituição de um fundo garantidor e que o Banco do Brasil não assumiria nenhum risco, já que segundo relatos a Argentina teria que fornecer um ativo garantidor.
“O Banco do Brasil vai acabar financiando o importador na Argentina, você nunca consegue os dólares. Como você não pode mandar divisas para o Brasil, os brasileiros não querem te entregar mercadoria e a dívida comercial cresce. Agora você ganhou ‘não tem dívida com o fornecedor, mas vai ser entre os bancos, o problema vai ser entre eles quando tiver que ser cancelado’, disse um empresário que participava das negociações.
O outro ponto que será abordado na viagem ao Brasil será o financiamento do BNDES para US$ 820 milhões em tubos fabricados no Brasil para o segundo trecho do gasoduto Néstor Kirchner. A isso se somaria o crédito “pré-acordado” com a CAF de US$ 520 milhões e outro com o setor privado para financiar a obra, com o qual se pretende economizar US$ 2,2 bilhões por ano.
Fonte:
https://www.clarin.com/economia/brasil-financiara-ano-importaciones-realice-argentina_0_nHOJaFlU7O.html